domingo, 25 de dezembro de 2011

Quantas Ordens Você Executou?

Seguindo com mais um post com clima de final de ano. Sugiro uma reflexão dos leitores: quanto você gastou com corretagens este ano?

Claro que muitos dirão que a corretagem faz parte, afinal foi isso que a corretora lhe disse. "Opere, opere, cada vez mais, para que você tenha mais chances de ganhar, a corretagem faz parte do negócio". Será?

Sem citar nomes de ativos, tivemos este ano (como sempre) alguns papéis que se valorizaram bastante rendendo um bom lucro para que os comprou no início do ano e (considerando ser um trade) resolveu realizar os lucros neste Natal. Poucas ordens não drenaram os ganhos de quem usou uma estratégia em que seguir a tendência foi o forte no lugar de ficar comprando e vendendo todo dia ou várias vezes no dia.

Independente de qualquer estratégia ou se você saiu no lucro esse ano ou não, fica a questão: você faz ideia de quanto gastou em corretagens este ano (nem estou citando IR, emolumentos, taxa de registro.. apenas corretagens).

O interessante disso é o seguinte:
Digamos que o investidor goste de daytrades por exemplo, e faz umas 2 operações deste tipo por dia em média, o que seria até um número baixo já que muitas vezes um daytrader chega a fazer muito mais do que isso em um único dia. Agora consideremos 252 dias úteis, dos quais alguns ele não opere porque estava de férias, porque o dia estava fraco ou porque teve que fazer outras coisas. Vamos colocar uns 200 dias de operação:

Ordens executadas por dia = 4 (2 daytrades dando 2 compras e 2 vendas)
Número de dias = 200
Total do ano = 800 ordens executadas

Considerando uma média de 10,00 reais por ordem executada em média = 8.000 reais de custo somente em corretagens.

Esses números irão variar de pessoa para pessoa, principalmente pelo quanto cada um opera e pelo preço da corretagem praticado pela corretora de cada um. Mas é uma base para a refletir: será que vale à pena operar feito louco, todo dia, toda hora, ainda mais por impulso?

Neste exemplo, a melhor pergunta que fica é, quantas ações de boas empresas daria para comprar com R$8.000 (mais ou menos) ?

Portanto, no novo ano que está entrando, pense duas vezes antes de dar o próximo "executar ordem".


sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal 2011 !!

Edição: Luis A. Carvalho


Para quem perdeu essa, a formação começou com esta história: De R$ 5,24 a 0,68 centavos em 3 dias!

domingo, 18 de dezembro de 2011

A Equivocada Regra dos 100

Antes de tudo, que fique claro que o uso da palavra equivocada no título é por minha conta, já que escrevo baseado na minha opinião particular.

Essa "Regra dos 100" é famosa, ela afirma que você deve investir em renda variável um percentual que seja o resultado da conta '100 - sua idade'. Ou seja, para um investidor com 30 anos ele deverá investir no máximo 70% de seu patrimônio em renda variável, com 40, esse número cai para 60% e assim por diante.

Desta forma, a regra faz com que o investidor reduza cada vez mais seu patrimônio em ações conforme fica mais velho.

Mas isso por si só é um grande equívoco pois não faz sentido criar fórmulas estáticas para investir. Toda e qualquer regra que não leve em conta o perfil e a realidade de cada um tende a ser perda de tempo.

Se o investidor está começando na bolsa e ainda tem pouco conhecimento, seria interessante que
ele começasse devagar, colocando pouco capital no início e aumentando conforme ele se sinta mais confortável até chegar na proporção que deseja para sua carteira. Dessa forma, mesmo que ele tenha 18 anos, não necessariamente ele começaria com 82% do capital em ações, talvez ele começasse com menos da metade até chegar ao seu objetivo.

Um outro cenário é aquele em que o investidor resolve dividir seu patrimônio em, por exemplo, 50% de renda fixa e 50% de renda variável e mantém assim a vida inteira, bastando comprar mais, com dinheiro novo, aquilo que estiver em menor proporção sem ficar transferindo de um para o outro.

Novo exemplo, pensemos que, quando iniciamos o investimento em algumas empresas sólidas, podemos ir aumentando as posições lentamente, digamos um pouco a cada mês enquanto continuamos mantendo um capital em renda fixa para os casos de emergência.

Depois de anos, desde que o investidor reaplique em renda variável os proventos recebidos pelas suas ações e estas continuem em empresas sólidas, o seu capital investido é totalmente retornado, e mesmo que ele tenha que vender suas ações, ele já não fica mais no prejuízo. Se ele não fica mais no prejuízo, então aquele capital para emergências pode ser capturado de suas ações. Isto é, não seria loucura nenhuma depois de décadas o investidor ter seu patrimônio em proporções acima de 80% em ações. Aí a regra de diminuir posições em bolsa conforme se fica mais velho é executada exatamente ao contrário.

Esta Regra dos 100 exclui as pessoas da terceira idade da bolsa. Será que um investidor com 80 anos e milhões de patrimônio tem mesmo que se preocupar em ter apenas 20% em bolsa ? Afinal, quanto mais tempo envolvido com investimentos e quanto mais tempo de estudo, mais ele poderia manter percentualmente em renda variável ou em renda fixa ou em imóveis ou seja lá naquilo que ele quiser investir.

Portanto, cuidado com regras estáticas. Faça seu plano de acordo com seu perfil e estude sempre.



domingo, 11 de dezembro de 2011

Ficar Líquido?

Muita gente fala que é ideal ficar líquido quando a situação na bolsa não está 'confortável'. Ou seja, o investidor que não opera vendido, decide tirar o dinheiro da renda variável quando acontecem crises para voltar mais tarde quando os preços estiverem mais baixos (ou não) mas com viés de alta novamente.

Para estas pessoas, enquanto a bolsa está desabando, o feliz (incauto) investidor precisa que seu dinheiro esteja protegido (?) na renda fixa.

Uma pena que aqueles que concordem plenamente com essa estratégia não demonstram ter realmente considerado os prós e contras disso. E transmitem a frase "estou líquido, tirei tudo da bolsa quando começou a cair, depois eu volto quando melhorar" como se isso fosse a coisa mais inteligente e mais fácil do mundo.

Talvez possa até funcionar para
pequenos patrimônios. Por exemplo, 20 mil reais de patrimônio divididos em 5 mil na poupança para emergências e os outros 15 mil distribuídos em ações de diferentes empresas. Em um ano altista, o capital na renda variável de 15 passa para 20 mil.

Daí então, de alguma forma o investidor percebe que a bolsa está começando a entrar em um ciclo baixista, e uma crise se inicia. Como várias pessoas recomendam, ele retira os 20 mil, coloca tudo na poupança, que passa ser agora um pouco mais que 25 mil e espera tal crise passar.

Depois da tempestade de alguns meses ele volta para a bolsa com seus 20 mil, ou até todos os 25 mil e recompra aquelas ações que tinha a preços mais atraentes, para pegar novo ciclo de alta e assim sucessivamente.

Uma pena que isso só funciona no mundo da fantasia.

Isso tudo é muito fácil colocar no papel, mas na prática só se toma a decisão de cair fora por causa da crise depois que se está no meio dela. Isso porque, mesmo quando as cotações começam a cair semana após semana, o investidor adia a decisão de cair fora, pois ele sempre acha que aquilo é uma queda passageira. Ele só decide sair depois que se está no fundo e ele nem sabe. Isso leva a grande maioria das pessoas a venderem no fundo

Da mesma forma, a hora de voltar para a bolsa também é sempre adiada por medo do risco, por medo de que ainda irá cair mais. Afinal, é duro comprar ações que estão caindo muito... Então o investidor vai adiando a compra até que, quando decide comprar, já está próximo do topo (mesmo sem saber).

Está formado o ciclo compra no topo e venda no fundo. Isso se deve pelo simples fato de tentar prever o futuro e tentar ser mais esperto que o mercado "ficando líquido" - Ta caindo, vou ficar líquido e comprar tudo mais barato depois.

O maior problema é que, esta é uma forma disfarçada de dar dinheiro para o sistema:

Pensemos em patrimônios maiores em ações, digamos meio milhão. Só um ingênuo ou descuidado para achar que é fácil girar 500 mil reais para lá e para cá. Ainda que ele saia bem perto do topo e volte próximo ao fundo se mostrando um exímio operador, estará praticamente perdendo tempo e dinheiro.

Veja a sequencia:

1 - Compra 300 mil reais em ações, depois de 2 anos de boa alta vê o patrimônio se tornar 500 mil.

2 - Percebe uma crise quando a carteira está em torno de 400 mil, então vende tudo e vai para a renda fixa.

3 - Ao vender, teve lucro de 100 mil.

  • Paga IR de 15% sobre esse valor, 15 mil reais.

4 - Com os 375 mil, compra títulos públicos mantendo-se na renda fixa durante uma crise, digamos 1 ano.

5 - Percebe que a coisa tá melhorando e quer voltar para a bolsa. Nesse momento, sua carteira de títulos que tenham rentabilidade real (já descontada inflação) em torno de 5% a.a. estará valendo aproximadamente 393 mil.

  • Lucro nos títulos = 393.000 - 375.000 = 18 mil reais.
  • Paga 22,5% de IR sobre tal lucro = 4050 reais de imposto.
  • Valor da carteira atual = 393000 - 4.050 = 388.950 reais

Só nesse pequeno giro, pagou 19.050 reais de imposto de renda, sem contar taxas...

Veja que no início do ciclo, ele tinha 300 mil, ficou 2 anos na bolsa e 1 ano no tesouro direto. Agora ele está com 388 mil (arrendondados) 3 anos depois. Ele está com a carteira 29% mais valorizada no período. Só que, 300 mil corrigidos por uma inflação na casa de 6% a.a. resulta em 356 mil.

Como ele está com 388 mil, nesses 3 anos o capital cresceu 8,98% de taxa real (388 - 356 = 32 mil nominalmente). Se considerarmos que esse investidor poderia ter saído ainda mais tarde da bolsa e não ter voltado necessariamente no fundo, essa conta pode ficar empatada ou negativa, o que acredito ser o mais provável.

Não parece ser algo inteligente, em um único giro, pagar praticamente 20 mil de impostos e taxas para obter rentabilidade real menor que 10%. Não seria muito melhor deixar as ações quietas e a crise passar, sendo que durante todo o tempo posicionado não pagará impostos e ainda receberá dividendos para fazer o que quiser, inclusive comprar mais ações ?

Ainda que você queira se beneficiar da crise e comprar mais barato, não precisa ser com o capital das ações que você já tem. Se está em um período baixista, deixe essas ações quietas e aproveite para comprar novas ações com dinheiro novo que entrar de suas fontes de renda.

Portanto, essa história de ficar líquido só vai fazer seu dinheiro sair pelo ralo.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Grandes Frases de Sardinhas


Com a contribuição do povo do facebook, seguem as mais variadas frases citadas por sardinhas por toda a internet e fora dela. Obrigado galera, suas contribuições resultaram nisso:


1 - Vou comprar porque o primo do amigo do paciente da minha mae disse que vai subir!

2 - Vai foguete!

3 - Tirem as ordens de venda! Vamos deixar o book limpo

4 - Vai bombar !!! O analista la do forum garantiu...

5 - O cara que
me disse tinha profissional no nick...

6 - Meu amigo falou que vai bombar e já comprei um caminhão...

7 - Ásia fechou azul, hoje é Ibov lá nas alturas

8 - Os gringos estão socando, vou vender tudo a descoberto agora.

9 - Quando o indice fecha em numero par, e a lua eh cheia...

10 - Agora sim aprendi, nunca mais faço essa merda. Daqui pra frente (quer dizer, depois q eu zerar essa parada) como canta Robertão "Tu-do se-rá di-fe-reeeente"

11 - Vendi opçoes no after, amanhã é lucro certo

12 - Vou recuperar o prejuizo que tive em Mafrig na Milk11

13 - Amanhã recupera tudo !!!

14 - Stop é para os fracos

15 - tirem as ordens do book de venda pra deixar o papiro voar"

16 - Stopar? Agora? Nãããão "Só (mais) esta vez"...

17 - Está de grátis !!!

18 - Se voltar pro Break Even, nunca mais faço essa d novo

19 - vamos mostrar pros tubas quem manda aqui somos nós...olha la o Morgan já se fu... kkkkk como são burros...

20 - Ih, Voltou pro Break Even (O.º) ...eammm Bom, já q já voltou pra q parar agora né mesmo?

21 - RALLY DE NATAL!!!!

22 - Olhem o saldo das corretoras

23 - Não tem como dar errado!

24 - O valor de mercado de algumas chegam perto da Apple

25 - O legal é o rompeu 23,25 agora projeta 23, 29

26 - Não pode ser, não pode ser, não pode ser, esse mercado é doido, não sabe o q tá fazendo. Vou fechar o monitor e qdo voltar ele já vai ter recobrado o juízo...

27 - Fundo duplo no gráfico de 15 segundos. Olha o fibão! Vai foguetar!!! Eu avisei!!!

28 - ‎...não recobrou Ok ok talvez ele (o mercado) precise d mais 1 tempo, quem sabe 1 ou 2 dias, 1 semana talvez...

29 - Mercado bombando: "Toma Ursadaaaaa! É Nóis Chupaaaaa"

30 - 55 mil pontos é o divisor de águas

31 - Mercado caindo: "Toma bando d chifrudo! É nóis Chupaaaa!"

32 - Os títulos da Inepar vão ser trocados pela dívida fiscal

33 - Ta caindo mas tou tranquilo pq ta caindo para subir, é só realização saudavel para aliviar os indicadores...

34 - Continua caindo mas continuo tranquilo, porque quanto mais cair, mais vai subir depois, é uma mola

35 - Mercadinho estranho, continua caindo

36 - Estou no papel ainda, virei investidor

37 - Não perdi nada, não vendi ainda!!!

38 - Eu não realizo prejuízo!

39 - Estou líquido.

40 - Papel caiu 5% amanha recupera certeza!! vou entrar pesado (no mercado fracionado)

41 - Alvo de lucro? Isso é pra quem pensa pequeno, tá caindo? Vou segurar essa até falir. A gente tem d recomprar qdo o papel fale?

42 - Agora a empresa reestruturou, vai subir sem parar!

43 - É marcação! É comigo, só pode ser... Agora tb num saio dessa posição, mercado tem d aprender c/quem tá lhe dando ...E vc tá me olhando pq c/essa camisa-de-força?

44 - Agora q eu vendi, sobe!

45 - AERUS tem 5 bilhões pra receber, só tonto acha que vão deixar a Varig quebrar...quem quiser vende pra mim...depois eu vendo de volta nos 20

46 - A empresa vai sair da falência, o processo está concluído para o juiz!

47 - Petro descobriu mais um poço, vou encher os cartucho

48 - TELB vai ser a genitora da banda larga do país todinho, sabe quanto ela vai lucrar com isso???? meu não dá nem pra calcular...VPA no minimo é de 100 pila..fácil...governo segurando o papiro pra comprar barato.

49 - Hoot4 vaii comprar toalhas na TEKA e as duas vão bombar com a copa do mundo!

50 - Caiu ? Virei B&H!! Sou investidor...

51 - Não compro VALE5 que é cara, compro MMX que é mais barata

52 - Eu uso gráfico de opções.

53 - Eu uso Fibonacci no gráfico de opções.

....

ainda tem mais para entrar, este post está em constante atualização...

Resposta de Papai Noel a um Sardinha

Resposta do Papai Noel à carta enviada...

      Caro sardinha investidor,

      Recebi com muita felicidade sua carta, pois eu não ria tanto desde que minhas renas dançaram macarena décadas atrás.

      Recomendo que você reveja seus conceitos, o mercado não tem culpa de nada. Se você estava comprado em mundial a 2,00 reais porque não realizou o lucro quando bateu nos 4,00? Ganharia 100% de lucro, será que você não faz ideia do que significa dobrar o capital.

      Além disso, você fez tudo errado, usou metade do patrimônio para um único trade (burrice 1) em um papel altamente arriscado (burrice 2), não realizou nem sequer parte do lucro quando a operação foi a seu favor (burrice 3). Acha que gerenciar risco é apenas usar stop e pronto?

      Quanto as outras, você se deu mal por causa do
teu achismo e por não saber o que tá fazendo, então a culpa é sua. Pensa que teu achismo vai te enriquecer: acorda pra vida. Se em lupa3 era trade, já deveria ter estopado, se era para ser sócio vai olhar o balanço para ver se vale a pena continuar nela, se acha que vale e o mercado bateu nela, escreve uma cartinha para cvm e me esquece.

      Quanto às opções a seco, não vou discutir porque você é quem tá pagando VE pra todo mundo, você só tá servindo para ajudar a aumentar a liquidez. Papai Noel te agradece pois provavelmente eu fui sua contraparte algumas vezes, hoho.

     Além disso, se você não sabia que as opções perdem valor diariamente até mesmo com papel subindo, reclama na carta para a cvm ou vá estudar.

      Quanto a seus pedidos:

     1 - Nem eu que sou o Noel, posso prever o futuro. Se eu tivesse tal lista eu não te passaria, desculpe. Usaria pra mim. Mas, pode comprar qualquer mico, fazendo isso no longo prazo vc vai perder mesmo. 
     2 - Não existe livro sério que estude essa estratégia, tá doido? 
     3 - Vai esperando mesmo e fique de fora. Nesses 3 anos a empresa cresceu que foi uma beleza. Continue esperando...

Se você vai postar isso ou aquilo, eu não dou a mínima pra isso, afinal dificilmente frequentamos os mesmos locais na internet.

Bolsa da China? Hohohoho.. haha.. nem eu que giro o mundo entregando presentes acompanho bolsa do exterior... Hohohohoo...

Bom Natal. 

Esta foi uma resposta à Carta a Papai Noel

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domingo, 4 de dezembro de 2011

Ferramenta Retrações de Fibonacci

A partir de hoje está no ar a página de ferramentas do blog Trader Aprendiz. Basta verificar no menu principal acima, o segundo item 'Ferramentas'.

Ferramentas estréia com a Calculadora de Retrações e Expansões de Fibonacci. Aqueles que usam as 'retrações de fibo' para encontrar possíveis pontos de reversão ou correção de tendência, podem usar esta calculadora sem precisar traçar os pontos, ou seja, sem precisar estar com uma ferramenta de análise técnica aberta.

Por exemplo, um investidor com um celular ou tablet, consulta por volta da primeira hora de pregão qual foi a máxima e a mínima do dia e até consegue ver o gráfico para confirmar se a tendência do intraday é de alta ou ou de baixa. Porém, por estar em um dispositivo móvel, ele não dispõe da ferramenta fibonacci encontrada em vários sistemas de análise técnica.

Com nossa calculadora, basta que o investidor insira os valores da máxima e mínima do dia (neste exemplo) nos campos topo e fundo, respectivamente. Ele sabendo qual a tendência, é só clicar no botão correspondente (pivot de alta ou de baixa).

Usem à vontade e compartilhem!

Abaixo dois videos para aqueles que gostam desta ferramenta

 Nature by Numbers

 1.618 Phi, The Golden Ratio

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Carta a Papai Noel

Como citei no áudio do último post, "sardinha é aquele que faz besteiras independente do capital que tem". Já que estamos entrando em dezembro, abaixo uma carta de um sardinha para Papai Noel.


      Caro Papai Noel, quero pedir através desta mensagem os meus presentinhos de 2011. Antes, quero te lembrar que fui um bom investidor, muito embora o mercado foi mal e não me deixou ganhar dinheiro.

       A culpa não foi minha, eu estava comprado em mundial desde os 2 reais com metade do meu patrimônio pois ela só subia, até que rapidamente ela voltou para centavos [clique aqui], achei que usiminas já teria caído muito quando bateu nos 15 e ela foi para 11. LUPA3 me surpreendeu caindo 70% em 12 meses,  justamente o tempo que estou comprado nela, nem te falo como estou.

       Portanto Papai Noel, veja como foi ano difícil pra mim. O que me aliviou foi ter comprado um caminhão de opções a seco da petro quando ela bateu a 20 reais. Comprei da série seguinte e dei sorte da petro ter dado um subida para os 22, mesmo assim o ganho não foi tão bom, porque o tempo que fiquei posicionado as opções foram perdendo valor mesmo quando petro subia um pouco. 

      Novamente, culpo o mercado. Sr. Noel, visto que eu fui bonzinho e o mercado é que foi mal, tenho certeza que o senhor me atenderá nos pedidos a seguir: 

      1 - Uma listinha com os micos que bombarão em 2012
      2 - Um livro que ensine uma estratégia para operar opções a seco 
      3 - Um gap de baixa gigantesco na ambev para que eu possa finalmente compra-la mais barato (espero por isso há 3 anos).

      Sendo assim Sr. Noel, fico agradecido e prometo que não postarei, nos fóruns, as minhas notas de corretagem quando ganhar muito para tirar onda com meus amiguinhos. Termino por aqui porque a bolsa da China vai abrir e eu preciso acompanhar para saber o que vai acontecer aqui no Brasil. 

       Sem mais, Bom Natal.



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domingo, 27 de novembro de 2011

Entrevista em Áudio! Com André Moraes

Ouça a primeira entrevista em áudio do Trader Aprendiz.

Uma ótima conversa com Andre Moraes da Trade Ao Vivo sobre o que é um sardinha, alavancagem, viver de trades e gerenciamento de risco

Participe enviando suas perguntas e/ou comentários.




Se não estiver visualizando o player, clique aqui para ouvir.

*obs.: este áudio não poderá ser ouvido em locais que bloqueiam o endereço dropbox.com


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Só STOP Nem Sempre Salva

É comum ouvir várias pessoas dizerem que operam de forma alavancada tranquilamente, pois afirmam que controlam o risco muito bem. Quando perguntamos como é feito esse controle, a resposta na maioria das vezes é "eu uso stop sempre".

Não há dúvidas que todo trade deve ter ponto de entrada, alvo, prazo (dependendo da operação) e ponto de saída de proteção (conhecido como ordem STOP).


A questão é que muita gente confunde o uso de stop achando que ele é suficiente para o correto gerenciamento de risco. Stop é apenas um elemento no gerenciamento de risco, na maioria das vezes o mais importante, mas nem sempre.

Gerenciamento de risco real, deve levar em
conta a seguinte conta: "quanto eu posso perder se tudo der errado? Se um avião for jogado de propósito por terroristas em um grande prédio nos Estados Unidos e as bolsas despencarem, quanto eu posso perder se houver um gap de 20% 'pulando' o meu stop ?", "o que faço se eu estiver vendido e a ação subir sem parar depois de um enorme gap de alta, seja lá qual o motivo?"

Não se pode aceitar se colocar numa situação de risco que poderá lhe quebrar.

Imagine uma ação XPTO3 que custa 10 reais. Você possui 50.000 de patrimônio, contando ações, renda fixa, dinheiro em conta corrente, etc. Como capital de risco, utiliza 20% para trades, isto é 10.000...

A princípio você não se importa em entrar em um único trade com todo o capital de risco e poderia comprar 1.000 XPTO3 colocando todos os 10 mil reais no trade.

Você tem um stop (definido seja lá por qualquer motivo) em R$8,00 o que lhe daria uma  perda de 2.000 reais (2,00 x 1.000 ações). Perda que representa 20% do capital de risco e 4% de todo o patrimônio.

No pior dos casos, se descobrem que a empresa XPTO tem sérios problemas financeiros que nunca apareceram, que caiu uma bomba na fábrica e acabou com tudo, ou sei lá o que, e as ações caem para a casa dos centavos, ainda assim você não teria grandes problemas ao perder todo o seu capital de risco. 


Agora, o que algumas pessoas fazem e deveriam evitar


O cara pede alavancagem para corretora. Compra 10.000 ações por 10,00 e põe stop em 8,00. Arrisca perder 20 mil reais, isto é, seu capital de risco e algum ativo colocado como garantia para a operação. Mas ele 'tem aquela certeza' de que o papel vai subir. Ainda assim, se "stopado", não quebraria.

Porém, acontece alguma coisa com a empresa XPTO, tanto faz o motivo, uma operação gigantesca e mal sucedida com dólar, por exemplo. Não importa. O mercado penaliza, e as ações despencam para algo em torno de R$1,00. As negociações entram em extenso leilão e quando voltam o stop já ficou para trás.

As tais 10.000 ações compradas por 10, agora custam 1 real. e continuam caindo lentamente. O cara "stopa" manualmente com muita tristeza, pois está 90 mil reais negativo. Ele entrega para a corretora todo o seu patrimônio de 50 mil reais (outras ações, títulos, CDBs, dinheiro em conta corrente) e ainda fica DEVENDO 40 mil reais. Se ele ganha 3 mil por mês, pode até pagar essa dívida em pouco mais de 13 meses (desde que possa dar todo o salário para a corretora e isso sem contar com os juros cobrados a.m.).

Como não é a maioria que pode entregar o salário todo, os juros não são baratos, e muitos que fazem isso nem possuem um patrimônio que podem entregar para abater tal dívida, tecnicamente esse 'investidor' está expulso da bolsa.

Portanto, cuidado com os mantras de que "tá com stop então tá tranquilo" e "alavancagem é legal". Basta uma, apenas uma ocorrência de um cisne negro para te quebrar. Nunca se coloque numa situação em que no caso de dar tudo errado você possa perder tudo e ainda sair devendo.

Quem quer ficar rico de um dia para outro acaba ficando bem mais pobre mais cedo ou mais tarde.

E quem quiser ver um exemplo de cotações despencando, pode lembrar de uma das histórias clicando aqui.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rally De Final De Ano

foto: Reuters
Muito se fala de rally de final de ano. De que novembro e dezembro a bolsa sobe porque os fundos mexem em posições, ou porque o pessoal recebe o 13º salário, ou sei lá o que.

O motivo, não tenho certeza. Se o rally existe e é recorrente, também não pesquisei. Investidor não deve dar a mínima importância para isso também por dois motivos muito simples:

- Se o cara espera o rally para fazer trades, não faz sentido, pois um trader não precisa de alta para ganhar, basta operar na venda. E não se pode dizer que "é chato alugar o papel" porque diversas corretoras permitem que se abra a posição sem alugar, e depois com toda calma, o trader entra em contato com a corretora via e-mail, telefone e até chat e solicita o aluguel. Então, porque um trader quer rally de alta? Por que só sabe operar na compra? Mesmo que
seja uma questão de escolha nunca operar vendido, mesmo em mercado de baixa, sempre tem um papel que escapa e está em alta. E por último, se for um ano de crise forte que realmente não há nada subindo e o cara insiste em não operar vendido, então só resta ficar de fora.

- Por outro lado se o investidor é um acumulador de ações, age apenas como holder, esse então não tem qualquer motivo para torcer por rally de alta de final de ano. Ele é sócio das empresas que escolheu e o que ele deve se preocupar é apenas com a empresa.

Então, por que raio de motivo fica essa falação sobre rally de final de ano?

O único rally de final de ano que conheço é da maioria das pessoas indo ao shopping aos 45 minutos do segundo tempo na véspera de Natal para fazer as compras.

Por falar nisso, você já comprou os presentes?!!!

Bons negócios!

Quebrando Mitos - parte II - Conhecimento Avançado

Será que a pessoa física precisa mesmo de tanto conhecimento técnico para investir em renda variável? Depende...

Qual o objetivo do investidor? Se for para usar a bolsa para ser mais uma opção de investimento, bastaria esse investidor ler as regras da bolsa (como são as taxas, incidência do imposto de renda, direitos e obrigações em geral) e pronto.

Poderíamos adicionar um bom livro sobre avaliação de empresas para iniciantes e não seria preciso muito mais do que isso, nem mesmo conhecimento de macroeconomia, nem conhecimento de estatística, contabilidade, etc.

Se o objetivo é ser mais atuante no mercado, aí é outra conversa. Este sim, não pode querer operar e se dizer profissional só porque
fez um curso de final de semana de análise técnica ou de análise fundamentalista (ou os dois). É preciso estudar muito e principalmente se desenvolver, tanto para planejar operações quanto para executá-las. O investidor atuante, principalmente aquele que faz trades independente do prazo operacional, precisa se preparar psicologicamente. Não basta ler dezenas de livros se na hora do "game" ele faz tudo diferente do que leu. Ele precisa de conhecimento e de autoconhecimento.

Mas a questão aqui é quebrar o mito de que todos precisam estar afiadíssimos para simplesmente investir passivamente. Quebrar o mito que paira sobre quem não conhece a bolsa de que é necessário "saber muito para mexer com isso". É óbvio que ninguém pode cair de paraquedas na bolsa, comprar ação, deixar de lado e esquecer, precisa saber pelo menos que deverá reaplicar dividendos e aprender a analisar suas empresas uma vez por ano quando sai o balanço.

"Entretanto não é obrigatório fazer um doutorado para investir suas economias"

Se uma pessoa conhece pelo menos as quatro operações matemáticas básicas, e tem um pouco de paciência para procurar informações, ele vai descobrir que "aquela grande empresa que fabrica cerveja" tem sido lucrativa há anos e que vale à pena investir nela. Portanto, ele pode se propor a comprar 500 reais por mês em ações dela, todo mês, ininterruptamente. Conforme for fazendo isso e vendo seu patrimônio em ações crescer sem maiores dores de cabeça, esse investidor irá consequentemente olhar "para aquele grande banco" ou "para aquela grande distribuidora de energia elétrica", etc.

Em suma, operar no mercado, fazer trades, tudo isso é muito interessante. Mas se você não quer nada disso, quer apenas ser sócio de grandes empresas, não precisará de tanto conhecimento quanto possa pensar.

A bolsa é para todos. Por isso discordo totalmente de quem afirma que bolsa é só "para os grandões", que pessoa física com pouco dinheiro não tem vez nesse mercado. Muito pelo contrário, é a única forma de de ser SÓCIO de uma grande empresa e aumentar sua posição periodicamente, como quiser, pagando menos de 100 reais (para comprar pelo menos 1 ação de qualquer uma da grande maioria das empresas listadas em bolsa já somada todas as taxas).

O conhecimento técnico necessário, e obrigatório, é diretamente proporcional à complexidade das operações que você decidir fazer.

Leia também Quebrando Mitos - parte I - Tempo

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Entrevista - Vivendo o Mercado

O blog Trader Aprendiz tem o prazer de entrevistar Cassio Younis, que atualmente trabalha como investidor. Cassio também é colaborador de um grupo no facebook, chamado Vianna Invest.

Confira abaixo uma rápida entrevista com alguém que largou a sua profissão de empresário no ramo de entretenimento para se dedicar à bolsa e à renda variável.

1 – Olá Cassio, é um prazer tê-lo conosco no Trader Aprendiz. Conte como era quando você estava começando. Como eram suas operações? Como começou na bolsa?

Em janeiro de 2006 após vender minha casa noturna decidi que iria para o ramo hoteleiro, por esse motivo fui fazer uma pós-graduação em gestão hoteleira e um MBA voltado ao marketing de serviços. Em 2007 mesmo cursando os dois cursos ingressei no mercado financeiro para remunerar melhor o capital.

Comecei operando as famosas “bluechip”, mas como todo bom iniciante não consegui ver vantagem em algo que tinha uma valorização pequena no curto prazo sendo assim passei a operar os chamados “micos” ativos de baixa liquidez, mas que muitas vezes em curto período apresentam valorizações extraordinárias.

Como todo iniciante, fiquei fascinado quando tive êxito nas primeiras operações com lucros superiores a 50%. Após isso como vício comecei a arriscar mais e, é claro, a perder mais. Fui então buscar informação num curso de dois dias de análise técnica, saindo do curso comecei achar que poderia vencer o mercado com isso me tornei um investidor mais agressivo e com isso os prejuízos foram se acentuando.

Após ver que existia algo de errado parei de operar por uns dois meses e comecei a estudar realmente o mercado e suas nuanças para conseguir achar onde estava o erro quando percebi que o erro era ter a ganância do ganho rápido, pois quase todas as operações que entrei ficaram lucrativas não executei a venda bem como não fiz o devido controle de risco.

Nesse momento realmente me apaixonei pelo mercado financeiro e me tornei um estudioso nos movimentos do mercado bem como passei a entender o posicionamento dos players e o principal, compreendi a necessidade de tirar a emoção completamente do ato de operar.


2 – Quando e como foi que você começou considerar que não era apenas um novato e ter certeza que não seria “expulso” da bolsa como acontece com um grande número de pessoas?

No mercado financeiro você deixa de ser novato quando admite a perda, aceita o erro e se beneficia dele como aliado para separar a razão da emoção. O medo de perder, a ganância de ganho fácil é o que leva a frustração no mercado.

Você se torna um profissional quando percebe que acumular várias vezes ganhos menores diversificando alocando os resultados em várias formas de investimento te levam acumular patrimônio.


3 – Como é o seu dia-a-dia, opera o dia inteiro? Monta a operação, sai de casa e só volta na hora que o mercado está fechando?

Após conseguir criar uma estratégia vencedora decidi me dedicar completamente aos investimentos e não somente em uma modalidade como o mercado financeiro. Trabalho em um Home Office devidamente equipado para poder gerenciar todos meus investimentos.
Meu horário de trabalho é como qualquer outra pessoa o que muda é a quantidade de informação que absorvo sobre diversos assuntos para poder alocar melhor os investimentos.

Meu dia começa às 6 da manhã onde procuro me inteirar sobre a macroeconomia, faço minhas leituras diárias e defino meus planos para aquele dia. Tenho um caderno que anoto tudo o que penso bem como meu plano de trade. Quando o mercado abre, eu já tenho meu plano A e plano B definido, pois a única coisa que controlamos são as nossas atitudes o resto é tudo variável e imprevisível.

Meu trabalho dura o período do mercado, tenho meu tempo de almoço e isso é sagrado bem como tempo para minha família, pois isso que importa.


4 – Buy and Hold, trades ou ambos? Opções, ações ou ambos?

Investimento é como qualquer coisa na vida, se arriscar tudo em uma modalidade você tem que ser 100% eficaz no que está fazendo. Investir é um equilíbrio, pois às vezes algum desvaloriza, mas outro valoriza com isso você sempre tem liquidez em alguma modalidade caso algo saia de seus planos e precise do capital em um tempo menor do que o planejado.


5 – O que você diria para alguém que deseja viver de mercado hoje em dia? A propósito, é possível viver de bolsa no Brasil?

Viver de mercado é uma profissão, é óbvio que é possível, mas da maneira correta. Ninguém vive de mercado se não tiver capital inicial e principalmente alguma forma de ganho para a vivência até você tiver conseguindo renda suficiente para viver disso.

Trate o mercado como se fosse uma empresa, onde você “investidor” é o proprietário e o funcionário ao mesmo tempo. Você corre riscos como o empresário e tem que se dedicar para não ser demitido como o funcionário. O capital social é o quanto você vai investir para poder ter uma remuneração para sua vivência e para reinvestir a sobra e se beneficiar dos juros compostos. O capital de giro é o valor mínimo para sua vivência para poder lidar com o mercado sem a influência do emocional. Ninguém vive de mercado precisando fazer uma meta X para poder pagar as contas e colocar comida a mesa.

O perfil muda tudo, eu hoje tenho esposa, filhos, um custo fixo alto. É diferente de um jovem que vive com os pais e seu ganho é limpo.

Para o jovem que está se formando ou é universitário meu conselho é: decida seu caminho pois o tempo passa rápido e o mercado de trabalho não perdoa. Um jovem que vai para o mercado financeiro como um jogo e decide não arrumar um emprego, ter uma renda, pode estar traçando um destino muito perigoso, pois o tempo passa rápido e se ele se frustrar no mercado ele vai acabar sem profissão e sem experiência para ir para o mercado de trabalho. Nossa vida útil no mercado de trabalho hoje é entre os 25 aos 40, antes você vai escutar que é jovem demais e depois que é velho demais.

Trace seu plano de vida como se fosse um plano de negócio, saiba da onde veio, onde está e principalmente onde quer chegar.


6 – Quais os maiores erros dos investidores em renda variável? Como você vê o investidor iniciante hoje em dia?

O maior erro do investidor em renda variável é se denominar investidor e ter cabeça de jogador. O investidor iniciante em sua maioria busca ganho fácil sem ter a mínima ideia sobre o assunto. Jogam o jogo sem ler o manual de regras.

7 –E o mundo lá fora, está acabando mesmo?

Não sou economista somente posso responder pela minha percepção. O mundo não acaba, mas ele muda e atualmente numa velocidade muito rápida. As pessoas não podem ficar alienadas no que acontece ao seu redor, pois vivemos nesse mundo, mas também não pode decidir o rumo de sua vida bem como de seus investimentos porque alguém disse que o mundo vai acabar em 2012.

Temos que viver como se fosse ser eterno e realmente é, pois você vai e a outra geração vem para continuar e perpetuar seus feitos.

A pessoa precisa aprender a utilizar das adversidades ao seu favor, nas grandes crises são formadas as grandes fortunas, pois poucos se arriscam no medo e muitos se aventuram na felicidade.

8 – Você trabalha como (agente autônomo, ou consultor, ou analista), como funciona isso?

Eu sou investidor e um eterno estudante.

9 – O que você acha da educação em renda variável brasileira, os cursos de trades, etc. Estão fazendo um bom trabalho?

Penso no mercado financeiro no Brasil como um bebê hoje. Diria que estamos aprendendo a andar, ainda vai ter muitos tombos, mas chegamos lá.

A educação financeira ainda é muito falha, pois é muito pequeno o número de profissionais no mercado com experiência. As grandes maiorias de instrutores vieram do bullmarket de 2002 a 2007 e ensinam como ganhar e não como não perder, pois nem eles sabem como se proteger em crises sistêmicas, pois só agora estão vivendo isso.

Em toda profissão existem profissionais competentes e incompetentes, com o passar do tempo o próprio mercado se encarrega de filtrar.

Cursos são feitos para lhe prover informação e não para ter mostrar solução para nada, somente você tem o dom de determinar o que é bom para si. Pense nisso como a cartomante que lê o futuro para todos menos para si próprio. A pessoa tem que se empenhar e não achar que existe formula mágica para ficar rica de um dia para o outro.


10 – Cassio, tivemos um exemplo, como vários no mercado, o qual foi o caso da Mundial que derreteu de R$5,24 a R$0,69 em três dias. Pela internet afora muita gente chorou, gente que chegou a pegar poupança de anos e colocou nesta empresa, e outros que pegaram dinheiro emprestado com a corretora através de operação a termo. O caso Mundial certamente foi um dos casos mais comentados da bolsa nesse ano. O que você tem a dizer sobre o que aconteceu? Teve amigos que “fizeram besteira”? E essa postura de fazer termo ou pegar a poupança de anos e por na bolsa, o que você acha disso?

Mundial é mais um caso não é o primeiro nem será o último.

Meu professor de direito sempre dizia que só existe o crime de estelionato, pois alguém quer se beneficiar de algo, resumindo, quem sofre o estelionato é mais criminoso do que o estelionatário, pois a pessoa só sofreu o golpe porque tentou ter alguma vantagem.

O problema não é a empresa sair de 0,26 para 5,24 de 5,24 para 0,69. O incrível ela ter feito isso e as pessoas conseguiram não ter ganhado devido à ganância do dinheiro fácil.

As pessoas precisam aprender a diferenciar os movimentos dos ativos do mercado e se aproveitar disso se querem ser traders. Eu opero de tudo, mas jamais opero “mico” achando que é “bluechip”. Saiba onde está pisando determine seu plano e execute sempre.


11 – Como nossos leitores podem fazer para entrar em contato com você ?

A melhor forma é na comunidade VIANNA INVEST, adoro aprender com os outros e contribuir com meus erros assim a meu ver ajudo a pessoas evitarem os erros básicos que todos recorrem no início.


12 – O Trader Aprendiz tenta ser diferente da maioria das publicações sobre bolsa que temos na internet, um outro ponto de vista, tem algum artigo que você destaque? Por quê?

O Trader Aprendiz faz parte de um número pequeno de pessoas que estão numa luta constante para prover educação financeira de qualidade, não poderia definir um artigo, pois todos são úteis e absorver informação nunca é demais, quanto mais informação você absorve mais critico você se torna e isso lhe faz um curioso e com isso você cresce cada dia mais.


____________

É isso aí Cassio, muito bom. Muito obrigado por dar essa contribuição Trader Aprendiz. Espero que todos tenham gostado e continuem nos acompanhando, lendo nossos artigos. Caso você tenha um texto seu que gostaria de publicar, seja bemvindo a postar por aqui também!

Caros leitores, comentem !!

Carlos Magno

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Opções: uma analogia em TI


Opções é algo trivial? Sim, mas não no Brasil, infelizmente.

Enquanto que por aqui, só uma minoria de pessoas conhece opções de verdade, sabem que ficar operando à seco de forma insana tem expectativa negativa, sabem que venda descoberta não faz sentido, etc. Lá nos EUA parece que, mesmo existindo "apostadores" em opções, esse assunto é muito mais comum do que por aqui no nosso país.

O exemplo que corrobora com isso: um amigo e colega de trabalho, arquiteto de software, me enviou este artigo Bad code isn’t Technical Debt, it’s an unhedged Call Option - que fala sobre dívida técnica, um termo totalmente relacionado à tecnologia da informação, definido por Ward Cunningham - descreve a dívida que a equipe de desenvolvimento de software assume quando escolhe um design ou abordagem fácil de implementar no curto prazo mas com grande impacto negativo no longo prazo.

Ou seja, dívida técnica é a idéia de que fazer um código fonte qualquer para entregar o sistema rapidamente correndo o risco de no futuro ter mais trabalho para corrigir, manter, etc.

O interessante é ver que no artigo, o autor faz analogia com o mercado de opções (!!). Acredito que ele assuma que seus leitores - pessoal de TI e não do mercado financeiro - entenda que correr risco de programar com design simples demais e até de baixa qualidade, pode ser o mesmo risco de comprar opção à seco.


Call options are a better model than debt for cruddy code (without tests) because they capture the unpredictability of what we do.

Para quem gosta de opções e ainda por cima é de TI, é muito interessante a analogia.

Será que um dia a renda variável vai ser algo comum para o brasileiro que até poderemos fazer analogias em nossos assuntos pessoais e de trabalho que todo mundo vai entender? Talvez, seja entendida de forma tão simples como 1 + 1 ?

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Obs.: mais sobre dívida técnica em TI:

- http://msdn.microsoft.com/pt-br/magazine/ee335722.aspx
- http://www.infoq.com/br/news/2009/10/dissecting-technical-debt

domingo, 6 de novembro de 2011

Quebrando Mitos - parte I - Tempo

foto por lentedorafa
Infelizmente, grande parte do que se lê pela Internet sobre renda variável acaba deixando o pequeno investidor mais confuso do que esclarecido.

Mas confesso que não desisti totalmente de algumas publicações porque elas trazem inspiração para escrever aqui, e servem para ver o que andam passando para os leitores. Afinal, pra mim, a qualidade de informação muitas vezes está relacionada mais a nossa própria interpretação do que o conteúdo do que foi escrito. Isto é, se você consegue ler nas entrelinhas, algo que a princípio pode parecer lixo equivocado, pode trazer mensagens interessantes.

Esta semana li uma reportagem que diz que bolsa não é para pessoas físicas (!!). Minha opinião: equívoco (com todo respeito ao site e ao jornalista que assinou). Talvez, eu dissesse o contrário se mostrassem o outro lado de todos os argumentos que foram apresentados. Bom, deixaram a missão para o Trader Aprendiz...

É preciso mostrar uma outra visão para o exposto, e desta forma qualquer um como pessoa física possa dizer, "sim, bolsa também é para mim". Foram colocados três pontos defendendo o contrário, três argumentos que se não forem explicados, alimentam mitos que nunca são quebrados e faz com que a maior parte dos brasileiros tenha medo de encarar algum risco para colher grandes frutos. Não é à tôa que a participação percentual de pessoas físicas na "ponta compradora" na bolsa brasileira seja tão pequeno, no mês de outubro/11 por exemplo, as pessoas físicas representaram apenas 9,9% de todas as compras no volume total do mercado à vista, à termo, de opções e outros segmentos segundo a BM&FBovespa.

Portanto, teremos este e mais 2 posts sobre os pontos mitos: tempo, conhecimento avançado e importancia dada à performance do ibovespa.

Mito I - Necessidade de Tempo

Interessante como todo mundo repete a mesma frase, "não tenho tempo para acompanhar o mercado". Como se acompanhar o mercado fosse fazer alguma diferença, como se olhar as cotações o dia inteiro fosse fazer com que, magicamente, os ativos fossem negociados nos preços desejados.

Para a felicidade de quem não trabalha no mercado financeiro e tem pouco tempo para olhar para ele, vai a boa notícia, você dedica apenas o tempo que puder. Como? Escolhendo operações que  necessitem apenas do tempo que você tem.

Vejam este exemplo, digamos que você trabalha a semana toda de 8 às 17h e gostaria de fazer alguns trades com ações para ganhar na valorização (ou desvalorização) de seus preços, mas não tem sequer acesso à internet no trabalho e nem qualquer tempo para ir numa lan house ou ficar navegando no seu smartphone porque o trabalho não deixa.

Porém, você tem o final de semana completamente livre, ótimo, já poderá montar operações semanais. São operações onde você olha o gráfico semanal do ativo, onde cada marcação do gráfico representa uma semana, você analisa os gráficos em casa com calma, usa no máximo uma hora para isso e marca teus gatilhos, escreve seu plano.

Se for por exemplo, para fazer uma entrada devido à fechamento acima de um determinado ponto, você só precisará dar uma olhada a cada sexta-feira para ver se aquela semana está fechando com valor acima do ponto planejado, você poderá fazer isso depois do horário do trabalho, no período chamado after market. Se "deu entrada", você nem precisa usar a internet, pode ligar para a corretora e mandar eles executarem a ordem de compra. Caso seja uma entrada devido a rompimento (quando passa por determinado ponto, antes mesmo de fechar a semana) como na imagem abaixo, fica ainda mais fácil, você já deixa a ordem de compra programada no domingo. Alguns home brokers aceitam que a ordem seja enviada com o pregão fechado.

Entrada 36,80 no gráfico semanal devido ao rompimento do maior preço negociado na semana anterior - atualmente este trade está positivo em 8%

Na figura acima, o exemplo de um trade iniciado (na semana com a seta verde) devido o rompimento da maxima da semana anterior. O investidor observou que houveram 3 semanas seguidas de baixa na Vale, e devido a alguma estratégia que ele tenha (não é o objetivo deste post discutir isso), verificou que seria interessante comprar Vale caso o preço ao voltar a subir mostrasse força se rompesse 38,80. No domigo (09/10/11) ele ajusta a ordem 'start de compra automática' com disparo de 38,80 e pronto. Única preocupação que poderia ter é dar uma olhada no final de cada dia (pode ser no after market) para ver se a ordem foi executada e assim ele já possa ajustar a ordens de saída automática de proteção de novas quedas (stop loss) e saída para realização de lucro automática (stop gain) nos pontos que ele decidir serem convenientes. Pronto, agora é só olhar por 2 minutos a cada sexta-feira como o trade está andando

Em relação ao investimento em em renda variável com objetivo de montar uma carteira de ações para ser sócio de boas empresas e colher os frutos de ser acionista, a necessidade de tempo é menor ainda. Isto acontece porque o que define se uma empresa é boa ou não é a saúde dela, ou seja, se ela as dívidas não aumentam constantemente, melhor ainda se praticamente não existem, se o lucro é crescente, se o retorno sobre o patrimônio é crescente, entre outros dados.

O detalhe importante é que tais dados são apresentados no balanço anual, que obviamente é divulgado uma vez por ano, isso significa que o investidor precisa gastar duas ou três horas, uma vez no ano para avaliar se continua de sócio ou não de tais empresas. Se ele quiser e puder, dá uma olhada nos balanços trimestrais, duas horas é mais do que suficiente para o pequeno investidor, somando tudo, 8 a 10 horas por ano!

Antes que fiquem as questões: eu não sei olhar esse gráfico do post, como vou gastar minutos com isso? Ou então, como eu vou gastar apenas 2 horas para analisar um balanço se não sei como é isso? Certamente que em um primeiro momento terá que ser gasto com estudo e planejamento, assim como em qualquer negócio.

Você pode abrir uma lanchonete, colocar funcionários lá e sumir, mas terá que gastar um tempo inicial no planejamento antes de abrir a lanchonete, terá que gastar um tempinho todo mês para olhar se as contas estão fechando e se o lucro está entrando. No mercado de ações não é diferente, um tempo inicial terá que ser gasto lendo alguns livros e fazendo alguns cursos, mas depois disso, o tempo gasto ficará próximo do que foi citado neste texto.

Qaunto ao conhecimento em si, trataremos disso no próximo post...

Até lá e deixe seu comentário. Quanto tempo você gasta na bolsa atualmente?




quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vale - Comentários sobre os resultados do 3T11

Fica a dica para quem pensa em se tornar acionista da Vale e principalmente para os que já são acionistas.


Fonte: http://www.vale.com/pt-br/investidores/web-casts/paginas/default.aspx





quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Petrobras - investir ou não, eis a questão


Pela primeira vez no Aprendiz do Mercado temos um post específico sobre uma empresa. Evitei falar de empresas, mas não tem como não escrever sobre Petrobras.

A Petrobras é provavelmente a empresa de capital aberto mais comentada do Brasil. Até quem nunca comprou ações, alguma vez emitiu algum palpite sobre esta que é a maior empresa da bolsa brasileira.

Neste mês, exatamente no último dia 03, a Petrobras comemorou 58 anos de criação. Seu aniversário de 2011 é marcado pelo fato de que, desde 03/10 do ano passado até hoje, suas ações desvalorizaram 30%.

Mas aí vem a controvérsia, mesmo sendo a 3ª maior empresa de energia do mundo [Fonte: PFC Energy (janeiro/2011)], ter o valor da marca avaliada em R$ 19,27 bilhões segundo a Consultoria BrandAnalytics (2010) e ser a empresa mais lembrada na categoria combustível [Fonte: Prêmio Folha Top of Mind (outubro/2010)] - perfil (colhido na página de RI da empresa) - hoje em dia ela já não é mais a menina dos olhos dos investidores, principalmente para o curto prazo.

Não tenho dados para dizer se é a mais amada, ou mais odiada, mas certamente é a mais falada. Seja em fóruns sobre investimentos, grupos no facebook, conversas em mesa de bar, matérias em mídia especializada, análises de corretoras... Todo mundo tem um palpite sobre Petrobras.

A maior dúvida atualmente é em relação à extração de petróleo da camada pré-sal. A empresa vem investindo agressivamente nesse projeto de forma que, mesmo com o aumento do lucro líquido e da receita líquida, vemos sua margem líquida apresentar uma leve estagnação. Ou seja, o gasto com esse projeto é grande, sobra menos dinheiro em caixa, e o mercado não gosta disso no curto prazo o que reflete diretamente no preço de suas ações.

Vejam os gráficos abaixo. Este é o lucro líquido, crescendo muito bem:

Lucro líquido - histórico trimestral
fonte: comdinheiro.com.br

A receita líquida também cresce com boa evolução:

Receita líquida - histórico trimestral
fonte: comdinheiro.com.br

Uma empresa que apresenta aumento nas vendas e no lucro mas que mesmo assim tenha margem líquida em queda, certamente ou está deixando as despesas aumentarem ou está consumindo o lucro de alguma forma. É o que vemos atualmente na Petrobras, consumo do lucro provavelmente com o pré-sal. Veja a margem líquida abaixo.

Margem Líquida
Lucro Líquido dividido pela Receita Líquida - histórico trimestral
fonte: comdinheiro.com.br

A margem vinha subindo levemente, deu uma caída no último período. Mas ainda assim, a variação não é de assustar como pode ser visto no anualizado abaixo:

Margem Líquida - histórico anual
Lucro Líquido dividido pela Receita Líquida
fonte: comdinheiro.com.br

Por isso, a empresa não deixou de ser enorme, muito pelo contrário, vem crescendo cadas vez mais justamente pelo investimento que vem fazendo. Então fica a dúvida da maioria: é possível a empresa concretizar esse crescimento nos próximos anos? Vale à pena colocar dinheiro numa empresa que tem um projeto tão desafiador? Essas perguntas não são tão fáceis de responder quando vemos as ações tão estagnadas. Mas, façamos novas perguntas: você gostaria de ser sócio de uma empresa que não investe, que não tenta crescer? Você realmente acredita que uma gigante como a Petrobras não tenha capacidade de concretizar seu plano?

Para quem prefere empresas que investem menos, que já tenham uma estrutura estável, realmente irá preferir investir em empresas de energia elétrica por exemplo. Quem não gosta de projetos desafiadores, deve mesmo ficar distantes de empresas que investem pesado, no caso Petrobras seria o maior exemplo.

Mas, e o resultado disso tudo? Ao concretizar o plano de negócios o que se espera pode ser visto na imagem abaixo, colhida diretamente no kit do acionista encontrado na página de relacionamento com investidores da empresa:


Projeção da produção até 2020
fonte: petrobras.com.br/ri

Se isso vai se concretizar, ninguém sabe, não há como prever o futuro. Mas quando somos sócios de um negócio, qualquer que seja, corremos algum risco. De qualquer forma, o que vemos hoje é uma empresa que possui aumento das vendas e do lucro, o que garante distribuição de lucros através de dividendos e juros sobre capital próprio, portanto para o longo prazo, esta é uma grande opção para se manter em carteira.

Finalizando, vejam abaixo a evolução consolidada anual feita por Maurício Hissa da bastter.com, o que preocupa um pouco é a dívida aumentando, mas acredito não ser algo estranho para uma empresa investindo tanto.

Evolução anual - últimos 10 anos
fonte: bastter.com


Ser acionista ou não, é escolha totalmente pessoal. Mas é importante que ao emitir qualquer palpite, esteja embasado de dados. O que acontece na maioria das vezes é algumas pessoas dizerem que "Petrobras é ruim" quando ela custa R$19,00 , depois de então quando ela está R$40,00 passa a ser "a melhor do mundo". Dessa forma, o investidor incauto, compra no topo e vende no fundo seguindo uma lógica totalmente equivocada no mercado de ações.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Comparando Banana com Laranja nos Investimentos

Ambro / FreeDigitalPhotos.net
Mais uma vez saiu hoje em diversos sites sobre economia que a renda fixa bateu a renda variável nos últimos anos (?).  Usando o Google News para localizar tal notícia nas diversas fontes, notei que com o título "renda fixa é mais rentável que a bolsa há 17 anos", esse "furo" de reportagem apareceu em nada mais, nada menos do que 12 fontes diferentes, exatamente com o MESMO título. Fora as variações sobre o mesmo tema que não procurei e outras fontes que devem publicar ainda essa semana.

Agora, eu gostaria de saber qual o motivo de forçarem tanto a barra para que o pequeno investidor não coloque R$1,00 sequer na bolsa. O mais curioso: esse tipo de notícia coincidentemente sai quando a bolsa está em baixa, justamente no melhor momento de se fazer os maiores aportes, comprando empresas por preços convidativos.

Ou seja, bolsa brasileira rondando os 57 mil pontos, quando estivermos lá nos 70 mil, com vários papéis em seus topos históricos é que vão recomendar compras ?? Imagino que a resposta seja SIM, já que isso aconteceu outras vezes no passado, reportagens sobre pessoas que largaram seus empregos e foram para bolsa, reportagens sobre o glamour que é aplicar na bolsa, recomendações de compra com objetivos estratosféricos (os tais preços-alvo) que particularmente chamo de "objetivos das bolas de cristal".

Na minha opinião, o maior problema é que o pequeno investidor fica confuso quando lê algo do tipo:
O material (...) leva em consideração os resultados do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), principal termômetro da bolsa brasileira, e os títulos do Tesouro Direto.
Indo direto aos pontos:

1 - O índice ibovespa é composto por ações de 68 empresas dos mais variados setores da economia brasileira. Ao olhar o resultado do índice, qualquer estudo comparativo estará errando por um motivo simples: a carteira escolhida do investidor.

Imaginemos um investidor que escolheu boas empresas para ser sócio, não mais que 10 empresas, as famosas bluechips. Este investidor terá rentabilidade TOTALMENTE DIFERENTE de um outro que montou uma carteira idêntica ao índice, comprando nas mesmas proporções todas as 68 ações ou que simplesmente comprou o ETF BOVA11 que representa o índice.

Para exemplificar, Vale (VALE5) no período de 10 anos (2001-2011) está com valorização de 1.741%,  eu não digitei errado, é isso mesmo mais de um mil porcento. Petrobras (PETR4) no mesmo período, 483% sem contar que chegou a 1.220% em seu topo histórico.

2 - Comparar banana com laranja não faz sentido, renda variável já tem esse nome justamente porque... varia.

Renda fixa é... fixa. Não existe esse tipo de comparação, pois cada um pode pegar um período diferente e vai ter resultados totalmente diferentes. Se comparar com períodos de alta das ações, elas ganharão, se pegar período de baixa, elas perderão. A renda fixa é um ótimo instrumento para ser mais um elemento de diversificação, mais um e não o único.

3 - Outra coisa que acaba desinformando é a desconsideração do investimento em bolsa como patrimônio.

Se qualquer financista fizer meras comparações de rentabilidades nas cotações, ele está assumindo que o investidor irá vender suas ações com o objetivo de ganhar na valorização da cotação. Mas, e aquele que compra ações para ser sócio das empresas e desfrutar dos rendimentos traduzidos por dividendos e juros sobre capital próprio?? Variações como as que eu mesmo exemplifiquei acima de mais de 1.000% não fazem a menor diferença para quem compra ações para a aposentadoria e posterior herança. - "E daí se subiu,  não vou vender" - esse é o pensamento do holder (acumulador).

4 - Por último, por que comparar dois investimentos diferentes se eles não são mutuamente exclusivos?? O mesmo investidor que compra ações é o mesmo que compra títulos do governo.

Por que não lemos em quase lugar algum pela internet que está na hora de se concentrar mais em renda fixa ou em renda variável de tempos em tempos em vez de reportagens induzindo ao giro puro? Como se fosse fácil ficar correndo atrás "do melhor investimento", até parece. Sai da fixa vai para as ações, sai das ações, vai para a fixa, e assim vai a manada alimentando o sistema através de IR, taxas, etc, etc, etc. Quem fica procurando "o melhor" acaba diluindo boa parte do lucro com os custos da troca.

Talvez todo esse tipo de textos pela internet afora, de canais conhecidos faria um trabalho muito melhor se fizessem matérias sobre assuntos importantes como os estudos de Daniel Kahneman para que o pequeno investidor fuja do efeito manada, ou sobre estratégias como o Asset Allocation onde é muito mais fácil balancear o risco fazendo uma boa diversificação na carteira do que ficar procurando, se preocupando com qual aplicação é melhor.

Nem a minoria que domina o assunto sabe exatamente "o que é melhor". E não por culpa dessa minoria, simplesmente porque NÃO EXISTE o melhor, existem apenas investimentos diferentes, cada qual com seu prêmio e risco. 

Em suma, banana não se compara com laranja e vice-versa.

Carlos Magno









terça-feira, 30 de agosto de 2011

Venda descoberta de opções: operação sem sentido

 Engana-se quem pensa que este artigo é apenas para dizer que a venda descoberta tem risco ilimitado, etc, etc. Embora isso seja verdade e, pasmem, há analistas técnicos famosos que dizem que este risco é "teórico", parece que há algo que nenhum investidor que opere venda descoberta de opções sequer tenha pensado. Se pensou e mesmo assim faz a operação, não pode ser chamado de investidor e sim de jogador.

Este detalhe desconsiderado é a taxa de ganho. Como em qualquer operação financeira, todo lucro e prejuízo é medido por taxa percentual, se você investe 100 reais e ganha 20, teve lucro de 20%, se perdeu 35, o prejuízo foi -35%. Simples. Porém, algo que não parece claro é, se você investe 10 mil e ganha 20 reais NÃO é a mesma coisa que investir 100 e ganhar 20, ainda que o ganho nominal seja igual (20=20). Simples mas alguns não aceitam.

Estas mesmas contas simples não são percebidas por aqueles que ficam ávidos em vender opções a descoberto. Antes, uma rápida explicação sobre a operação em si para aqueles que não conhecem e então falemos sobre a falta de sentido em não se considerar a taxa. Se você conhece opções, pule os próximos parágrafos e vá para "voltando às taxas".

Opções são derivativos que quando adquiridos, dão direito de compra ou de venda para aquele que adquiriu, chamado titular. Falando sobre opções de compra, as mais negociadas no Brasil, o titular da opção possui o direito de comprar determinado papel pelo valor definido em tal contrato até certa data pré-definida. Ao exercer esse direito, aquele que vendeu, chamado lançador, é obrigado a vender a ação pelo valor do contrato. Isto é, mesmo que por exemplo Petrobras esteja sendo negociada por 40 reais, quem tiver o direiro de comprar por 20,00 poderá faze-lo obrigando o lançador que possui as ações a vender por este valor.

Aí é que se define o famoso risco ilimitado para quem vendeu (lançou) uma opção SEM possuir a ação:

Imagine um lançador que vende 1.000 opções sobre ações da Petrobras de preço 25,00 e recebe um valor por isso. Se no dia que expirar esse contrato, a Petrobras estiver abaixo de 25,00 ninguém irá exercer o direito de compra justamente porque poderia comprar no mercado mais barato. Digamos que Petrobras esteja a 27,00 o lançador tem obrigação de vender por 25,00 e estaria perdendo 2,00 por ação, mas como recebeu um valor pela venda da opção o prejuízo foi menor ou até ficou no lucro, dependendo por quanto ele vendeu a opção. O problema é aquele que NAO tem Petrobras, ele é obrigado a ir no mercado, comprar por 27 e entregar por 25. Até aí prejuízo aceitável, já que no início do exemplo consideramos 1.000 opções dando um prejuízo de 2.000 reais.

Agora imagine que Petrobras descobriu um poço de petróleo enorme, digamos, Tupi. As ações disparam e vão a 50 reais por exemplo. O lançador tem que comprar o papel por 50 reais para entregar por 25... no nosso exemplo, estamos falando de 25.000,00 (isso se ele vendeu 1000 opções, se foi mais, multiplique proporcionalmente).

Note que esse pode ter sido o lucro de anos de operações, entregues de uma só vez. Se não tem o dinheiro, aí vem a corretora executar o que ele tem para pagar a dívida. Pode ser aquele carro que tá na garagem, comprado quem sabe com muita dificuldade...

Voltando às taxas

Quanto ao risco dessa operação, não se discute, dependendo de quantas opções vendeu e para quanto o papel subiu, realmente estamos falando de risco ilimitado. Como a cotação do papel não tem limite superior, pode subir ilimitadamente, o risco é o mesmo.

Os equivocados se colocam nesse risco insano por pura falta de conhecimento
Eles não prestam atenção na taxa. O risco/benefício é pior do que em outras operações muito mais seguras. O operador descoberto de opções, lança uma opção de 1 real esperando que ela não dê exercício e com isso ele "ganha 1000 reais fácil (?)". Só que, além do risco altíssimo, há dois detalhes importantes que são negligenciados apenas por super-amadores ou por quem tenta ser mais esperto que o mercado. Esses detalhes são a margem chamada e a taxa de retorno.

Veja como é uma operação sem sentido:

a) venda descoberta de 2.000 opções a R$1,20 = recebe R$2.400

- risco máximo: ilimitado
- ganho máximo: 2400 reais
- margem 400% : 4 x 2.400 = 9.600
- taxa de retorno maximo = 2400 / 9600 = 25%

b) trava de baixa de 2.000 opções recebendo spread de 1,20 = recebe R$2.400

*considerando uma trava com opções que tem diferença de preços de exercício de 2,00

- risco máximo: LIMITADO a 2,00* - 1,20 = 0,80 centavos x 2000 opções = R$1,600
- ganho máximo: 2400 reais
- margem      : 2000 opções x 2,00* = R$4.000
- taxa de retorno maximo = 2400 / 4000 = 60%

Percebam que a maioria das corretoras pedem pelo menos 400% de margem sobre a venda. Ou seja, para cada 1 real vendido é preciso deixar 4 na corretora. Uma  trava de baixa normalmente tem chamada de margem calculada pela multiplicação do número de opções vendidas pela diferença entre os preços de exercício (strikes) das opções da trava.

Isto faz com que no cenário 'a' sejam chamados 9.600,00 reais de margem e no cenário 'b' menos da metade disso, 4.000,00 reais. Ambas operações com objetivo de ganhar no máximo 2.400,00 reais.

Quem em sã consciência colocaria em jogo mais de 9 mil reais no em detrimento de colocar menos da metade disso para buscar o um ganho menor? Sim, um ganho menor, pois não se olha o valor recebido na operação e sim a taxa recebida. Na operação 'a' o ganho foi de 25% e na operação 'b' é de 60%. E ainda por cima correndo o risco de perder a margem e ainda sair devendo no caso da operação ir contra.

Só mesmo não sabendo o que está fazendo para colocar mais dinheiro em jogo com intuito de buscar ganho menor e ainda podendo sair devendo da operação.

...e o pior que ainda tem gente cobrando para ensinar os novatos a fazerem uma operação dessas. Antes de entrar em qualquer operação, verifique todo o plano e veja se vale a pena. Afinal, operações que parecem fáceis são as que podem lhe dar mais dor de cabeça.