Certamente existe uma nuvem de curiosidade mesclada com alguns preconceitos e equívocos em torno dos investimentos em renda variável.
A negociação de ações na bolsa de valores é um investimento como outro qualquer, mas ainda assim, existem pessoas que pregam ideias deturpadas sobre o assunto e desta forma, os leigos acabam se afastando da bolsa, muitas vezes por terem ouvido repetidas vezes, algumas dessas ideias.
Vejamos abaixo, 5 besteiras sobre o investimento em renda variável:
1 - Bolsa é para ricos
Essa é a primeira e talvez a maior besteira que falam sobre o investimento em bolsa de valores. Há investimentos em renda fixa que para uma pessoa aplicar é preciso ser um "investidor qualificado", isso significa, pessoas que já possuem um capital mínimo considerável aplicado, geralmente R$300.000,00.
Para aqueles que querem investir em ações na bolsa, nada disso é necessário. O capital mínimo é a soma do valor de UMA ação e a corretagem necessária para a realização da compra. Essa corretagem gira em torno de R$4,00 e R$15,00 em várias corretoras.
Sendo assim, o preço da compra de suas ações irá depender unica e exclusivamente da quantidade ações compradas e da corretagem de sua corretora. Mas, perceba, se você tem disponíveis R$100,00 para investir mensalmente, você pode. Se tem R$3.000,00 pode também. Tanto faz o valor, cada um investe o que pode e o que quer.
Portanto, qualquer um pode ser sócio de boas empresas, comprar um pouco de ações todos os meses (nada de querer dar uma "paulada" de uma única vez). Qualquer um pode comprar suas ações aos poucos, da mesma forma que poupa em renda fixa. Aliás, unir essas duas modalidades (bolsa + renda fixa) para formar seu patrimônio é algo inteligente e serve para qualquer um, sem distinção de classe social.
2 - Bolsa é para arranjar um dinheiro fácil
Se você está pensando em entrar na bolsa com esse objetivo então é melhor desistir. Não será fazendo trades (negociando compras e vendas) e nem comprando ações para ser sócio que você conseguirá um "dinheiro fácil".
Ao fazer esses trades, é preciso conhecimento, técnica e muito, mas muito controle de risco. Nada de futurologia, nem achismos e muito menos "dicas certas". Alguns pensam que sabendo das notícias, a coisa fica fácil. Pensam que basta conseguir ficar "olhando o mercado" o dia inteiro e pronto.
Como já tratamos aqui, notícias são instrumentos inúteis para operar. Para o bom trader que tem técnica, dependendo da periodicidade de sua operação, ele pode "olhar o mercado" uma vez ao dia, ou por semana, ou até mesmo uma vez ao mês.
Ao comprar ações para ser sócio, o objetivo é aumentar posições em boas empresas, que dão lucro, que sejam bem gerenciadas, que sejam eficientes na área que atuam, ou seja, exatamente como "no mundo fora da bolsa". Se você for sócio de, por exemplo, uma padaria, um bar, tanto faz, que não dá lucro, você não terá patrimônio conforme o tempo passa, pois os prejuízos da sua empresa só mostraram que ela é um passivo para você.
Na bolsa é a mesma coisa, negocia-se ações de empresas reais. Bolsa não é um monte de números piscando com sinais verdes e vermelhos. Se achar que é grana fácil, melhor procurar outro negócio. Embora seja bem difícil haver "grana fácil" em coisas lícitas.
3 - Bolsa é um jogo
Infelizmente há essa conotação para a bolsa, mas isso quem decide é o investidor. Ele decide se ele quer ser um jogador ou não. Sim, é possível criar operações do tipo aposta pura, com expectativa negativa de ganho.
A boa notícia é que apostar é para quem quer. Podemos usar a palavra jogo, mas não de azar (leia sobre). O investidor de verdade, pensa em valor, em ativos, em formar patrimônio. Este, usa a bolsa como apenas mais uma opção de investimento, pode comprar ações da mesma forma que coloca dinheiro na poupança e no tesouro direto.
4 - Bolsa é para quem é especialista em economia, contabilidade, negócios, etc
Eis mais uma besteira que muita gente repete por aí. Muitos tentam fazer com que os leigos acreditam nessa bobagem talvez para criarem um mundo de fantasia onde "só os especialistas é que podem mexer com bolsa".
Esqueça isso. É óbvio que como em qualquer negócio, você precisará ler livros, entender a mecânica da coisa. Mas nada de macroeconomia mundial, etc, etc... nenhum "economês", nada disso. Qualquer um entende o que é lucro e prejuízo. Esse é o princípio básico, ser sócio de empresas que dão lucro.
Pense em todas as empresas as quais você é cliente e se relaciona direta ou indiretamente durante um dia. Seu banco, sua geradora de energia elétrica, a empresa do seguro do seu carro, a loja que lhe vendeu suas roupas, a empresa que intermediou seu pagamento com cartão, e por aí vai...
Você pode ser sócio de cada uma delas, e não precisa saber se a economia do Chipre e da Grécia andam boas. Por mais que queiram lhe convencer do contrário...
5 - Bolsa é complicada
Isso só depende de você. O nível de complexidade de suas operações vai depender da sua escolha. O que você quer? Se quiser ficar no simples, ser sócio de empresas conforme citado acima e de vez em quando fazer uma operação de compra e venda para, com o possível lucro, investir mais em suas empresas, ótimo. Você não precisará virar um phD para tal.
Infelizmente, muitos irão tentar lhe convencer do contrário, como se você fosse um completo ignorante que não pode buscar conhecimento mínimo para investir sozinho. Desta forma, você precisa ficar dependente dos mesmos que te dizem que é impossível comprar ações sozinho. Livre-se disso, busque conhecimento, pois a única pessoa que poderá cuidar com carinho do seu dinheiro é você mesmo.
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